sexta-feira, 26 de março de 2010

Com certeza que já ouviram dizer que, quando temos um acidente, deixamos de ver o que está a acontecer à nossa frente - a realidade - e passamos a ter uma espécie de visão de toda a nossa vida passada. Pois bem, deixem-me dizer-vos que é mentira. Vemos tudo o que está a acontecer em câmara lenta. Cada movimento, cada barulho, cada ruído, cada impulso, cada emoção... é vivida à mais ínfima milésima de segundo. E, deixem que vou diga, é muito assustador.

Ontem, quinta feira, ia a caminho da escola com a minha mae. Estava uma manha bastante agradavel... Não fazia frio... estavam 16ºC e estava aquela chuvinha molha parvos... Dizem que só quem se quer molhar com essa chuva é que se molha. Mas verdade seja dita, é o sufuciente para molhar estradas secundarias cheias de oleo e de lombas.

Quando ia a passar a estação de Silves, prestes a entrar na via rápida que liga Silves a Lagoa, aparece um carro completamente sem controlo. Lembro-me da minha mãe a dizer "Este está louco! Que se passa?" - dois segundos depois, o nosso carro estava a ser projectado. A minha mãe tentou controlar o carro e virou para a esquerda para ver se consegui fazê-lo parar. No meio de tanta coisa, os airbags dispararam e fomos contra uma barreira de betão.

Eu só via fumo. Ninguém ficou ferido, felizmente. Mas não podia dizer o mesmo do carro...
O que eu mais achei piada no meu de tanto drama, foram as minhas tentativas desesperadas de tentar telefonar a toda a gente a dizer que se calhar não ia à escola. Só me passava pela cabeça todos os compromissos que tinha para esse dia. Coitada da Andreia, ficou em pânico, até ela me ter feito a pergunta "Estás bem?!" eu nem tinha sequer pensado em tal coisa... Nem sei como ela consegui entender o que eu dizia no meio de tantas lágrimas... Quando telefonei à Jessica, ela não acreditava em mim... não a censuro... é dificil de acreditar... nem acreditava...

Acabei por, ao meio dia, ir à escola... Eu tinha de ir... tinha apresentação de português e, precisava da nota da apresentação (acabei por ter 16 na avaliação oral) mas, assim que cheguei à sala, a professora a perguntar como é que eu estava só me fazia reviver toda aquela sensação. Não queria voltar a pensar nisso... Não tinha de o fazer mas, o facto de todos estarem expectantes de uma resposta vinda de mim, deixou-me nervosa e eu só fazia aquele beicinho involuntário de que ameaçava chorar. Tentei de tudo para não chorar. Fi-lo durante 30 minutos... Depois, simplesmente não aguentei as pessoas que me olhavam pelas costas e, cedi, chorei.

Mas, no meio disto tudo, é saber que tenho o apoio de todos que, apesar de estar tudo bem, têm sido espectaculares.
Obrigada por tudo, a sério :)

3 comentários:

Adri disse...

caraças Catarina! mas está tudo bem, certo? :)

Monica disse...

coitada de ti :s

Anuska disse...

vá lá, não morreste!!